Histórias de Moradores de Parelheiros

Esta página em parceria com o Museu da Pessoa é dedicada a compartilhar histórias e depoimentos dos Moradores do bairro.


História do Morador: Kaká Werá Jecupé
Local: São Paulo
Publicado em: 19/05/2008

Um guarani na Grande São Paulo

Sinopse:

Kaká Werá Jecupé nasceu em 1º de fevereiro de 1964, no distrito de Parelheiros, em São Paulo (SP). É escritor, empreendedor social e fundador do Instituto Arapoty.

História:

Minha família morava no extremo sul da cidade de São Paulo, quase no início da Serra do Mar. Meus pais vieram do norte de Minas, para tentar uma nova vida. E para isso eles se submeteram a diversas situações como, por exemplo, ocultar justamente seus valores e a sua cultura indígena. Eles se submeteram ao modo de vida da cidade grande. Meu pai trabalhou em sítios e fazendas próximas – mais tarde, essas propriedades se tornaram bairros. Para sobreviver, ele também lavou pratos em cozinhas de restaurantes. Já minha mãe trabalhava em casa, era a curandeira. Ela cuidava de ervas e plantas em geral no quintal.

Convivi com minha mãe até meus oito anos, quando ela fez a passagem, morreu cedo. Mas lembro muito dela observando determinada planta e dizendo: “Essa planta é boa para a asma. Se alguém aqui ficar com esse problema eu posso fazer um chá”. Meus irmãos e eu vivíamos sumidos, caminhando por trilhas, brincando de esconde-esconde, pega-pega, mas conforme crescemos, a mata foi sumindo. Quando eu estava para concluir o colegial, meu pai também faleceu. Meus irmãos tomaram rumos diferentes. Me senti livre, não tinha mais uma família para me segurar e fui conviver com os guaranis, como voluntário, para ajudar em alguma coisa que ainda não estava clara para mim.

Na tradição guarani, os nomes vêm por intuição. Participei de um ritual chamado Nimongaraí, em que todos podem receber o nome, não importa a idade. Os guaranis se reúnem e o pajé canta invocando a Mãe Terra e o Grande Espírito. As pessoas vão até o pajé, que sopra o nome no ouvido. Ele me disse: “Werá Jecupé. Quando você for para outra aldeia, você participa de outro ritual e vai ter a confi rmação desse nome”. Isso aconteceu três anos depois em uma outra aldeia. A partir daquele momento, já não era só uma afinidade com a cultura guarani, nem voluntariado. Era uma coisa muito mais forte. Estava inserido nessa cultura.

 


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